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A bandeira e o brasão paulista na Revolução de 1932

Autor: Geraldo de Andrade Ribeiro Jr.

Ao final do Império, surgiram críticas à bandeira imperial e o jornalista e escritor republicano Julio Ribeiro em 16/07/1888 sugeriu a adoção de uma outra bandeira, muito similar à atual bandeira paulista, com 15 listas. A idéia não foi aprovada e a bandeira nacional é a que conhecemos hoje. Com a proclamação da República, esta bandeira proposta teve um modelo hasteado no Palácio do Governo de São Paulo em 15 de novembro de 1889, permanecendo lá durante alguns dias.

Seu autor a justificava desta forma : "As quatro estrelas a rodear um globo, em que se vê o perfil geográfico do país, representam o Cruzeiro do Sul, a constelação indicadora da nossa latitude austral". E, mais ainda, agora para arrematar: "Assim, pois, erga-se, firme-se, palpite glorioso o alvinegro pendão do Cruzeiro!!!".

Esta bandeira passou a ser a "bandeira paulista" a partir dai, sem, contudo, nenhuma oficilização e sem nenhum apelo popular. Era utilizada como decoração de fachadas ou salas, sem o devido respeito que se deve dedicar a um símbolo. O assunto bandeira paulista foi polêmico por anos e a mesma não foi oficializada.

Para se ter uma idéia da polêmica, basta se ver texto de Afonso de Taunay, de 1931: ... símbolo pavorosamente feio, oriundo dos tempos da propaganda republicana, a bandeira que se diz da invenção de Júlio Ribeiro, a impropriamente chamada "bandeira paulista", lugrube, inestética, insignificativa. Graças a Deus nunca foi oficializada, mas por infelicidade, é muito adotada. Assim desapareça do todo o emprego desse pano mortuário alvi-negro, arvorado em pendão estadual. Insignificativa hoje mais do que nunca, porque atribui à população paulista uma dosagem de sangue africano inteiramente falsa, pois em terras de São Paulo a porcentagem dos euroamericanos foi imensamente superior à dosagem dos elementos afros, eurafricanos e afro-americano.

Os Revolucionários em 1932 adotaram esta bandeira como a bandeira de São Paulo, pois o movimento carecia de um símbolo desta natureza e ela tornou-se efetivamente um símbolo paulista na Revolução de 32 e a bandeira paulista, com apoio popular, tendo havido várias versões da mesma, muito parecidas, mas mantendo-se as características básicas. Em meio ao movimento, cristalizou-se, espontaneamente o apego, o respeio e a veneração a este símbolo. Coube à Revolução de 1932, além de outras funções esta, pouco conhecida.

Deve-se destacar que a bandeira paulista é a única a conter o mapa do Brasil, destacando-se dentre as demais bandeiras estaduais, por este gesto de nacionalidade, de federação, sendo mais uma prova de que o movimento não era separatista. Uma outra prova é que os batalhões, ao partir, recebiam bandeiras nacionais ou paulistas, como amplamente noticiado e exibido em fotos de época.

Mas, em 10/11/1937, Getulio Vargas, com sua nova Constituição, proibe o uso de símbolos estaduais e municipais, havendo, inclusive uma queima simbólica de bandeiras estaduais no Estádio de São Januário, amplamente difundida pela imprensa. Somente com a nova Constituição, em 1946, foi devolvido aos estados e municípios o direito de ter seus próprio símbolos, voltando os paulistas a cultuar o seu símbolo.

O brasão de São Paulo, instituido no período revolucionário, a 29/08/1932, pelo Decreto estadual n º 5656, é mais uma prova da nacionalidade paulista, contendo a inscrição em latim "PRO BRASILIA FIANT EXIMIA" ("Pelo Brasil façam-se grandes coisas"), tendo sido criado pelo pintor Wasth Rodrigues.


Brasão paulista


Franquia mecânica com brasão

SIMBOLISMO

A bandeira possui treze listras variando entre branco e preto, começando e terminando na faixa preta, para que fique delimitado o começo e o final da bandeira, sem que haja nenhuma dúvida. As faixas pretas e brancas representam os dias e as noites que os bandeirantes lutaram pelo "bem" do estado. Possui um retângulo vermelho na horizontal, que representa o sangue derramado pelos bandeirantes, alinhado no topo à esquerda, tendo dentro um círculo de fundo branco e o mapa do Brasil em azul, sendo o azul a cor da pujança, que os bandeirantes acreditam ter trazido para o estado de São Paulo, com todos os dias e noites, e sangue derramado - amarrando a ideia clara de que foi grande a contribuição bandeirante para o estado. Há também quatro estrelas amarelas na parte interna dos quatro cantos do retângulo.


Bandeira paulista

Poema: A bandeira das 13 listas
(Guilherme de Almeida) - 1934

Bandeira de minha terra,
bandeira das treze listas:
são treze lanças de guerra
cercando o chão dos Paulistas!

Prece alternada, responso
entre a cor branca e a cor preta:
velas de Martim Afonso,
sotaina do Padre Anchieta!

Bandeira de Bandeirantes,
branca e rota de tal sorte,
que entre os rasgões tremulantes
mostrou a sombra da morte.

Riscos negros sobre a prata:
são como o rastro sombrio
que na água deixava a chata
das Monções, subindo o rio.

Página branca - pautada
Por Deus numa hora suprema,
para que, um dia, uma espada
sobre ela escrevesse um poema:

Poema do nosso orgulho
(eu me vibro quando me lembro)
que vai de nove de julho
a vinte e oito de setembro!

Mapa de pátria guerreira
traçado pela Vitória:
cada lista é uma trincheira;
cada trincheira é uma glória!

Tiras retas, firmes: quando
o inimigo surge à frente,
são barras de aço guardando
nossa terra e nossa gente.

São os dois rápidos brilhos
do trem de ferro que passa:
faixa negra dos seus trilhos,
faixa branca da fumaça.

Fuligem das oficinas;
cal que as cidades empoa;
fumo negro das usinas
estirado na garoa!

Linhas que avançam; há nelas,
correndo num mesmo fito,
o impulso das paralelas
que procuram o infinito.

Desfile de operários;
é o cafezal alinhado;
são filas de voluntários;
são sulcos do nosso arado!

Bandeira que é o nosso espelho!
Bandeira que é a nossa pista!
Que traz, no topo vermelho,
o coração do Paulista




 

 

 

 

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