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FERROVIAS: Caminhos abertos para a pesquisa
Autor: Geraldo de Andrade Ribeiro Jr.
O assunto ferrovia é dos mais vastos e o material filatélico disponível
em nada fica devendo à amplitude do assunto. Uma coleção
filatélica sobre ferrovias pode ser concebida de diversos modos, seja
como História Postal, seja como Carimbologia ou, ainda como Filatelia
Temática.
Como História Postal, pode ser estudado um certo país, uma região
específica ou, ainda uma determinada linha ferroviária. Os diversos
ramais, os carimbos, os portes diferenciados, os selos específicos e
os telegramas constituem a "matéria prima"a ser analisada em
função da pesquisa histórica-filatélica a ser realizada,
pesquisa esta analisada mais detidamente em outro parágrafo. A obra básica
para esta modalidade é "As Estradas de Ferro no Brasil", de
Helmut Ponge (1952), bem como os relatórios oficiais das Companhias Construtoras,
do Ministério da Viação e Obras Públicas, relatório
da Repartição dos Correios e Telégrafos, etc.
Um destaque especial para os guias (Laemmert, Levy, etc), os quais apresentam
os horários de partida e chegada dos trens, bem como localização
das agências, valor dos portes, etc., e, dentre eles, o Indicador Geral
da Viação do Brasil - Linhas Férreas, Fluviais e Marítimas,
de J.Cateysson (1898), editado em Paris, com detalhes, mapas e preciosas informações
sobre todas as ferrovias da época.
Caso seja de Carimbologia, a coleção se restringirá aos
diversos tipos de carimbos (datadores, de serviço, etc.) quer nas diversas
agências das estações, quer pelo correio ambulante. Paralelamente,
pode ser analisada a toponímia, variações de modelos, etc.
Para se exemplificar, a França possui mais de 3.000 carimbos ferroviários,
o Brasil tem centenas, oriundos dos correios ambulantes que percorreram nossas
linhas férreas, durante dezenas de anos e foram estudados em poucos Estados
(vide bibliografia).
Se a opção for a "temática", a amplitude filatélica
fica ainda maior, pois engloba o material da área de História
Postal e de Carimbologia, sendo necessário um estudo preliminar para
se determinar o enfoque a ser à coleção (predominância
histórica ou técnica), antes mesmo da elaboração
do roteiro, evitando que o filatelista se perca na diversidade do material existente.
Para que se tenha uma idéia do material disponível, desde o primeiro
selo ferroviário, da província canadense de New Brunswick (1860),
até o final da década de 80, já haviam sido emitidos cerca
de 6.000 selos relacionados com o tema, por mais de 260 países, sendo
a Bélgica o maior país emissor, seguido da União Soviética.
Existem diversos catálogos especializados (vide bibliografia), sendo
a obra básica e fundamental o Manual nº 102 da ATA - American Topic
Association, denominado Railway Stamps, de Howard J.Burkhalter e Charles P.Wales,
editado em 1981. Trata-se de uma completa "Check-List" dos selos referentes
a trens, dividida em 30 sub-itens, tais como: locomotivas, pontes, estradas,
estações, acidentes, mapas, metrôs, equipamentos ferroviários,
pessoal conexo, etc.
Dos grupos de Estudos existentes, dois se destacam: Casey Jones Railroad, Unit
da ATA (usa), com boletim quadrimestral e a Association des Cheminots Philatélistes,
da França,
com boletim trimestral, realizando exposições nacionais anuais
específicas do tema, tendo já feito mais de quarenta delas.
A organização ferroviária internacional é muito
bem estruturada, principalmente na Europa, com diversas entidades específicas
sendo a Conferência Européia dos Horários a mais antiga
das organizações ferroviárias internacionais, realizando
congresso, já em 1872. Esta organização regula os horários
de partida e de chegada dos trens, havendo vários carimbos para suas
reuniões e ou acordos.
Uma visão da estrutura organizacional das ferrovias européias,
bem como do que se pode fazer em termos filatélicos com este item específico,
acha-se na coleção "A Europa das Ferrovias"(vide roteiro
ao final deste artigo). Os congressos nacionais de filatelistas ferroviários
(França, Itália), são objetos de selos, carimbos e inteiros
postais.
O tema permite uma grande diversidade de material como por exemplo cartas acidentais
(Portugal, USA, etc.), selos específicos para ferrovias (Argentina, Bélgica,
etc.) selos locais, cartas pré-filatélicas, etc., personalidades
nacionais com conexão ferroviária em carimbos comemorativos e
até mesmo datadores (Regente Feijó, Barão de Mauá,
Paulo de Frontin, D.Pedro II, Adel Pinto, Aarão Reis, etc.), manutenção
e construção de rede (Batalhão Ferroviário do Exército,
no caso nacional), tipos diferentes de trens, como o trem suspenso de Wuppertall
(Alemanha), segurança ferroviária, etc.
Na parte histórica, o desenvolvimento da rede ferroviária sempre
esteve na vanguarda da história dos países. Pode-se citar muitos
casos, como nos EUA (a conquista do oeste pelos "Cavalos de Ferro"),
no Brasil, a expansão agrícola em diversos pontos do país,
como a cultura do café em São Paulo, por exemplo, intimamente
associados à implantação das ferrovias. Este aspecto histórico,
mostrado de forma cronológica, (por selos, carimbos e peças filatélicas)
ao lado de uma análise toponímia das agências explica, facilmente,
largos trechos de nossa história. Uma obra básica para este item
é a Viação Férrea do Brasil, de Francisco Picanço
(1884), ao lado de Relatórios Oficiais.
Para os iniciantes, uma cuidado especial com os selos de países não
filatelicamente séries, apresentando locomotivas que jamais correram
pelos trilhos destes países e até mesmo selos com elementos ferroviários
que, simplesmente, nunca existiram no país.
O "molho"a ser adicionado à uma coleção temática
deste tipo acha-se nos inúmeros erros cometidos por diversas administrações
postais, com variadas aplicações temáticas, itens estes,
catalogados na obra "Erros e Curiosidades: Filatelia Temática de
Caminhos de Ferro", do português Carlos Penha Garcia. A emissão
brasileira referente ao 100º aniversário da Ligação
Ferroviária São Paulo - Rio de Janeiro (1977) é um dos
exemplos clássicos neste aspecto.
Por fim, a pesquisa, tão necessária para qualquer modalidade de
coleção é, infelizmente, muito pouco praticada em nosso
país. No caso ferroviário, a pesquisa histórica chega a
se confundir com a filatélica, principalmente nos primórdios das
linhas, havendo casos em que a parte filatélica é a única
referência disponível.
Na parte histórica nacional, os Relatórios Oficiais, acima citados,
bem como a bibliografia nacional, que pode ser considerada até mesmo
grande, comprada com outros segmentos, são suficientes para o início
da pesquisa, qual, após melhor direcionada, necessita de material específico,
mas escasso, mas de fácil acesso, em alguns casos pode-se ver ao vivo
determinados segmentos da história, em nossos Museus Ferroviários.
Na área postal, o arquivo e a biblioteca do filatelista e pesquisador
João Roberto Baylong, em São Paulo, é uma passagem obrigatória
para qualquer pesquisa que venha a ser elaborada.
Ao se enveredar pelos caminhos da pesquisa, na área postal, depara-se,
por exemplo, com Circular nº 8 c/2, de 1924, concedendo franquia postal
para Comissão
Construtora
da Estrada de Ferro Petrolina a Teresina, (Piauí), indicando a presença
de peças de razoável raridade, além de diversas outras
portarias regulamentando o valor dos portes das demais linhas, detalhes dos
ramais e seus entroncamentos, fundamentais para balisar os estudos.
Na área filatélica ainda a nível de Brasil, há os
editais, a verificação na Catalogação Temática
dos selos Brasileiros, na catalogação temática dos Carimbos
Comemorativos e na Catalogação Temática das Agências
Postais, a análise dos selos nacionais e além dos comemorativos,
não esquecer da série vovó (RHM 173 e 174) com suas variedade
de papel, filigrama, denteado etc.
Atualmente temos o site http://www.estacoesferroviarias.com.br/
, de Ralph Mennucci Giesbrecht, de excelente qualidade, com milhares de informações
e obrigatório aos filatelistas ferroviários.
Qualquer que seja a modalidade de coleção escolhida, existe muito
material, diversificado e de excelente qualidade, permitindo a elaboração
de coleções de primeira linha. O assunto ferrovias jamais foi
estudado em nossa filatelia com profundidade que merece, tendo muito a gratificar
os eventuais interessados, propiciando o mesmo fascínio que motivou os
pioneiros das epopéias ferroviárias.
Bibliografia:
Catálogos:
Railway on
Stamps - M.A. Goodbody e C.A.Hart (6 volumes)
Stamps and Railway - James Watson - 1960
Postal Stationery Associated With Railways - C.A.Hart - 1970
The Illustrated Handbook of Word Railway
Stamps - Siichi Arai - 1984
Collet Railway on Stamps - Staley Gibbons
Catalogue Mondial Ilustre - Timbres Ferroviaires
- Edmond Quentin - 1985
Carimbologia:
Carimbos Ambulantes
Ferroviários da Bahia - Boletim da SPP - Victor Petrucci
Carimbos da EF Santa Catarina - Helmut Ponge - 1952
Relação de Carimbos Ambulantes de São Paulo - Helmut Ponge
- 1953
Carimbos Ferroviários do Ceará - Mário Xavier Júnior
Carimbos Ambulantes do Brasil - Áureo G.dos Santos.
Carimbos de Estradas de Ferro do Brasil no Século Dezenove - Ralph E.Werner
Os carimbos das Estações de Santa Catarina - Juergen Otto Berner
GERAL
"O
TREM CORRE PARA O OESTE"- Fernando de Azevedo
"AS FERROVIAS DE SÃO PAULO "- 1870 A 1940 - Flávio
de A.M.Saes
"A FERROVIA DO DIABO"- Manoel Rodrigues Ferreira
Revista COFI - Artigos Diversos
Revista "TEMÁTICA"- Artigos Diversos
Obs.: A bibliografia ferroviária nacional é bastante ampla.
APÊNDICE: ROTEIROS
A EUROPA DAS FERROVIAS (Norbert Feuerstein)
1ª
Parte: O NASCIMENTO DAS FERROVIAS NA EUROPA
1 - Primeiras linhas nacionais
2 - As primeiras linhas internacionais
3 - As companhias ferroviárias nacionais
2ª
Parte: A organização Ferroviária Européia
1 - UIC - União International das Ferrovias
Coordenação
2 - CEH - Conferência
Européia dos Horários
3 - Cem - Conferência Européia dos Horários Mercantis
4 - CIT - Comitê Internacional dos Transportes
5 - TEE - Trens Europe Express
Relações
6 - AICCF -
Associação Internacional dos Congresso Ferroviários
7 - CITA - Conferência Internacional dos Trens de Agências de Viagens
8 - OCTI - Escritório Central dos Transportes Internacionais
9 - CEMT - Conferência Européia dos Ministros dos Transportes
FERROVIA (Vicenzo Mento - Itália)
1. OS PRIMÓRDIOS
1.1 Linha das Minhas
1.2 Ferrovias a cavalo
2. PROTAGONISTAS
2.1 Precursores
2.2 Pioneiros
2.3 Técnicos
2.4 Políticos
3. ATRAÇÃO
3.1 Vapor
3.2 Tração a vapor
3.3 Tração a diesel
3.4 Tração elétrica
3.5 Outros sistemas de tração
4. VEÍCULOS
4.1. Meios de tração
4.1.1. Locomotivas a vapor
4.1.2. Automotrizes de combustão interna
4.1.3. Eletromotrizes
4.1.4. Locomotores diesel
4.1.5. Locomotores elétricos
4.1.6. Locomotores a turbina
4.2. Meios de arrasto
4.2.1. Carros de passageiros
4.2.2 Carros especiais
4.2.3. Carros de mercadorias
4.2.4. Vagonetas
4.2.5. Vagões postais
4.3. Meios particulares
4.3.1. Veículos
especiais
4.3.2. Estacionamento de veículos
4.3.3. Fábricas e oficinas
4.3.4. Museus
5. INFRA-ESTRUTURAS
5.1. Instalações fixas
5.1.1. Armações
5.1.2. Instalações elétricas e de sinalizações
5.1.3. Instalações
de segurança
5.1.4. Telecomunicações
5.1.5. Eletreficação
5.2. Estações
5.3. Galerias
6. LINHAS
6.1. Desenvolvimento
6.1.1. Construção
6.1.2. Redes e nós
6.1.3. Linhas particulares
6.1.4. Entroncamentos
industriais e portuários
6.2. História
6.2.2. Acontecimentos
6.2.3. Aniversários
6.2.4. Últimas disputas
7 . INSTALAÇÕES
ESPECIAIS
7.1. A cremalheira
7.2. Funiculares
7.3. Mono-carris de ferro
7.4. Transvias (bondes)
7.5. Metrôs
7.6. Transportes especial sobre rodas
7.7. Balsas
8. PESSOAL
8.1. Mansões
8.1.1. De estações
8.1.2. Viajantes
8.1.3. Dos trabalhadores
8.1.4. Das profissões
8.1.5. Polícia ferroviária
8.2. Realizações
8.2.2. Ferroviários filatelistas
8.2.3. Institutos de transportes
8.2.4. Engenharia ferroviária
9. EXERCÍCIO
9.1. Administração ferroviária
9.2. Tipos de trens
9.2.1. Trens de viagem
9.2.2. Trens particulares
9.2.3. Trens de mercadorias
9.2.4. Trens postais
9.2.5. Trens hospitais
9.2.6. Trens em operações bélicas
9.2.7. Trens de canteiros-de-obra
9.2.8. Ferrovia entre os meios de transporte
9.3. Correio
ferroviário
9.4. Serviços complementares
9.4.1. Navegação interna
9.4.2. Autolinhas substitutivas e integrativas
9.5. Anomalias
9.5.1. Incidentes
9.5.2. Greves
10. COOPERAÇÃO
10.1. Organizações
10.1.1.Associações ferroviárias
10.2 Manifestações
10.2.1.Conferências
10.2.2.Exposições
11. ECONOMIA
11.1. Companhias e Agências
11.2. Bilhetes, passes e franquias
11.3. Propaganda
12. SÍMBOLOS
12.1. Roda alada
12.2. Locomotivas
12.3. Signos diversos
13. MINI-FERROVIAS
13.1. Brinquedos
13.2. Ferromodelismo
13.3. Ferrovias com desempenho reduzido
13.4. O meio ferroviário na arte
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