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A FILATELIA E O CANAL DO PANAMÁ
Autor: Osvaldo Luiz Collucci
de Oliveira
Publicado originalmente no Boletim Divulgando - CFN Cataduva
nº194 - 2002
Você já ouviu
falar no canal da Nicarágua ?
Graças aos selos postais não, pois a obra foi realizada no
Panamá e a história aconteceu assim:
No ano de 1902 o Congresso Norte-Americano está decidindo a construção
em território da Nicarágua de um canal que ligará os oceanos
Atlântico e Pacífico, ligação canal essa vital para
o comércio e defesa dos EUA.
Isso preocupa um grupo de investidores franceses que há uns vinte anos
monta uma compania para realizar essa obra em território panamenho e
a decisão favorável a Nicarágua significará a falência
do preendimento, arruinando seus investidores. Para evitar isso enviam a Washington
o engenheiro, também francês, chamado Phillipe Bunau-Varilla e
que com sua habilidade de negociador tentará reverter a situação
em favor da Cia do Canal do Panamá, a empresa em questão.
Varilla desincumbui-se da missão valendo-se de todos os recursos que
podia, seja em audiências com os senadores, entrevistas à imprensa,
reuniões populares e distribuição de panfletos em que explicava
as vantagens da escolha do Panamá para a realização da
grande obra. Como supremo argumento, explicava que em território da Nicarágua,
as escavações estariam ameaçadas pela atividade vulcânica
com consequências sísmicas, existentes naquela região do
país, o que não aconteceria na região do Panamá
advogada pela companhia, livre de erupções ou terremotos.
Os senadores e a opinião pública em geral não se convençam
dos argumentos de Varilla, acusando-o de advogar pelacausa dos franceses e a
comissão encarregada de examinar a questão decidiu-se pela proposta
da construção do canal na Nicarágua e de acordo com o projeto
inicial dos norte-americanos, enviando tal decisão para que fosse aprovada
em plenário pelos senadores.
Bunau-Varilla já dava a causa como perdida quando recebeu uma carta enviada
por anônimo colecionador, contendo um seio ainda em circulação
na Nicarágua e que mostrava o vulcão Momotombo em plena erupção,
cuspindo fogo, lava e fumaça de sua cratera e servindo como testemunho
oficial da atividade vulcânica em solo nicaraguense e o que é pior:
o vulcão Momotombo situava-se nas proximidades do local por onde passaria
o canal, de acordo com os projetos dos americanos.
Varilla não perdeu tempo e pôs-se a correr as casas filatélicas
de Washington à procura de mais selos daquele. O resultado disso não
tardou e poucos dias antes do plenário se reunir para aprovar a indicação
da comissão, cada senador recebeu uma carta contendo em seu interior
o referido selo e mais a inscrição: Testemunho oficial da atividade
vulcânica na Nicarágua. Foi um choque para os senadores e com apenas
oito votos contrários foi aprovado o projeto que estabelecia a abertura
do canal em solo panamenho. Vitória da Filatelia.
O "herói" da história (para o canal, Bunau-Varilla e
para nós filatelistas, o selo) não é um e sim treze e foram
emitidos pela Nicarágua em 1 º de janeiro de 1900 em várias
cores, com valores faciais variando de 1 centavo a 5 pesos. No catálogo
Scott tem a numeração 121/133; no Michel obedecem a numeração
121/132 no Yvert-Tellier os números 121/133, como no Scott. Ironia: foram
impressos pela American Bank Note Co.
Ainda no quesito "Canal - Filatelia" a Zona do Canal teve um serviço
postal com emissões próprias entre 1904 e 1979, quando voltou
a ser controlada pelo próprio Panamá. Nesse período foram
emitidos 270 selos-tipo de várias categorias postais.
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