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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FILATELIA TEMÁTICA

 

 

ARTIGOS PUBLICADOS

O " LUCRO " SOCIAL DA FILATELIA

Autor: Oswaldo Parreiras

 

Seria sumamente enfadonho e excessivamente bacharelístico
citar os dispositivos da nossa Constituição que enfatizam como
fundamentos e obrigações do Poder Público, a proteção e
dignificação dos cidadãos em seus segmentos etários
(infanto-juvenil, maturidade e terceira idade) e na utilização, por todos os meios que possui, da educação e cultura para assegurar a unidade fundamental dos segmentos citados através da família.

1. Presume-se que se queira manter o jovem interessado nos estudos, livre dos hábitos perniciosos, longe das más companhias, adquirindo disciplina e postura ordenada. A França já descobriu a importância da Filatelia para assegurar isso tudo e colocou como matéria obrigatória do currículo escolar. A maioria dos países civilizados direciona promoções, exposições e emissões para o segmento infanto-juvenil. Quanto economiza no combate a delinqüência juvenil, em repetições de períodos escolares por baixo rendimento, em combate à dependência precoce de drogas, de abusos?

2. Imagina-se que a vida sedentária da maioria dos adultos e o estresse resultante dos engarrafamentos de trânsito, intoxicação com os cigarros alheios, pressões econômicas do trabalho, precisem de uma compensação que torne o pai/mãe um se com diálogo dentro de casa, depois de tudo passado na labuta diária. Se for necessária a preservação da família como unidade fundamental da sociedade, algo tem que servir de linguagem comum entre pais, filhos e netos, entre marido e esposa. Algo precisa relaxá-los e libertá-los da péssima qualidade cultural e social da mesa de carteado, dos programas prono-humorísticos e de exaltação a violência veiculada pela televisão. Se vocês conhecem algo melhor que a Filatelia, por favor, nos telefone, porque estamos com ela há 55 anos por achá-la o melhor meio para assegurar tudo que citamos neste tópico...

3. A aposentadoria é a precipitação da inércia, do ocaso da vida, do envelhecimento acelerado, da morte prematura. Ou, pelo menos, se-lo-á, se o ritmo da atividade produtiva não encontrar algo que o substitua - ou mesmo o supere - em matéria de motivação, interesse e possibilidades de enturmamento. É impressionante a quantidade de filatelistas idosos, a maioria deles conservando o hábito desde a primeira idade, alguns, interrompendo-o nos fascinantes períodos dos namoros, da "gandaia" e dos vestibulares-faculdades. A Filatelia não o divorcia dos familiares por divergências de "óticas de vida". Pelo contrário: ajuda o neto a montar sua coleção de "Disney", explica ao filho e nora as dramáticas conseqüências da inflação alemã pré-hitletistas expressas nos valores faciais dos selos da época. Nas horas vagas, monta sua coleção do Japão e circula entre amigos para trocas de idéias e peças filatélicas. Bem menos triste do que idosos dormitando, abandonados, em bancos das praças públicas, jogando e fumando desbragadamente em mesas de carteado, ou dialogando com garrafas de cerveja das 8 da manhã às 10 da noite...

4. Por tudo o que foi dito é que não conseguimos entender (por favor, tentem explicar-nos) a ótica dos Correios Brasileiros de que "Filatelia tem que dar lucro, porque a ECT é uma empresa e, empresa gira em torno de resultados". Em cima desta barbaridade, abolem-se os máximos postais, as campanhas de conscientização filatélica, o apoio à existência de colunas especializadas principalmente nas chamadas grandes regiões metropolitanas (Rio, São Paulo e Belo Horizonte). A gente pode até admitir que ninguém tenha passado para os dirigentes da ECT a importância social da Filatelia ou o aspecto fundamental de que "ela é uma empresa do Estado e, se é missão precípua do Estado à valorização do cidadão e sua família, tal obrigação também é da ECT". Afinal, ela não apóia a natação, promoções teatrais e exposições permanentes de pinturas - coisas que não dão "lucro empresarial", mas contribuem para a projeção do País e estimula o aparecimento de novos talentos em atividades úteis e sadias?

5. Nem tudo que é lucrativo se insere na função social de uma empresa estatal. Distribuir tóxicos através da correspondência postal seria mais lucrativo do que todas as atividades legítimas e sociais da empresa.

6. De quem é a culpa? Dos filatelistas conscientes que se omitem e deixam de juntar forças com os administradores da ECT orientando-os? Daqueles que esperam que o Estado faça tudo? Dos que não acreditam em nada mais do que a utilização do selo para "competir" com os demais filatelistas?

7. Um pouco de culpa para cada um de nós. Afinal, a "Santa" Madre Tereza de Calcutá foi muito feliz ao afirmar que "às vezes pensamos que o que fazemos não passa de uma gota no Oceano, mas o Oceano seria menor do que uma gota se nós não o tivéssemos feito".

8. Precisamos do "lucro" social que a Filatelia pode oferecer. Seu ganho representa, economia para o sistema de saúde, de educação, de repressão policial, de delinqüência e desagregações familiares. Um pequeno "prejuízo" na ECT pode se transformar em um imenso "lucro" para a administração nacional como um todo.

Publicado originalmente no Boletim do Brasil Filatélico n º 313 de abril/junho de 2005

 

 

 

 

 

 

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