A FILATELIA RELIGIOSA
NO BRASIL
Jamil
Nassif Abud
Hoje,
convencionou-se reunir em dois grupos - o tradicional (ou clássico)
e o moderno (ou temático) - as múltiplas formas de colecionar
selos que à vontade do filatelista foi criando através
dos tempos.
O adepto da forma moderna tem distribuído, ainda, a preferência
pelos mais variados temas e assuntos.
Na escolha deles, muitos são os fatores condicionantes: os incentivos
recebidos, as informações disponíveis, a facilidade
de acesso, o gosto pessoal definido, o conhecimento acumulado etc.
No Brasil, mesmo sem dispormos de estatísticas quantificando
a preferência, não é difícil perceber que
muitos preferem a Filatelia Religiosa, na sua ampla gama de possibilidades
- sem excluir, até, a forma tradicional para coleções
como "Vaticano" e "Israel".
Não são numerosas, entre nós, as coleções
de tema ou assunto religioso que já adquiriram bom nível
de desenvolvimento. Nem por isso, podemos concluir que elas estão
longe da preferência dos colecionadores. Os demais assuntos e
temas, olhados, isoladamente, não demonstram tanta superioridade.
A Filatelia Religiosa sofre os mesmos condicionamentos.
A ABRAFITE - Associação Brasileira de Filatelia
Temática - vem desenvolvendo um ingente esforço coordenador
e educativo, procurando aprimorar a disciplina e divulgar orientações
seguras, necessárias para o bom encaminhamento da Filatelia moderna
em nosso País.
Sabemos que muitos são os conjuntos ou as coleções
incipientes, que trazem como objeto as realidades religiosas cristãs
ou não cristãs. É imenso o campo que aí
está à espera de um trabalho sério de orientação
e de fomento.
O bem elaborado artigo de Nino Barberis, Le venti grandi specializzazioni
della filatelia temática, publicado na revista "Temática"
(nº 62), traz-nos alentado comentário sobre a popularidade
dos diversos temas entre os colecionadores. Baseou-se em sondagens da
ATA (American Tropical Associaton), feitas entre os anos de 1962 e 1978
- e do CIFT (Centro Italiano di Filatelia Temática), entre os
anos de 1973 e 1981. Essas características oferecem não
só perspectivas de avaliação como também
a possibilidade de se observar à evolução do colecionismo,
descobrir quais os modismos, os temas estáveis e contínuos,
localizando eventualmente os acontecimentos que influenciam o crescimento
ou a afirmação de determinados temas ou assuntos.
A visita do Papa João Paulo II, por exemplo, desencadeou, no
Brasil, uma onda de colecionismo em torno das suas viagens.
Conforme o levantamento da ATA, em 1962, nem "Natal", nem
"Religião" lugar entre os vinte primeiros classificados.
Em 1968, enquanto "Natal" não conseguia colocação,
"Religião" alcançou o 8º lugar, melhorando
para o 7º, em 1970. Dois anos depois, caiu para o 17º lugar,
estabilizando-se em 1974 e 1978, no 10º e 12º lugares respectivamente.
"Natal" classificou-se em 16º, em 1970, subiu para 11º
em 1972 e estabilizou-se em 1974 e 1978, permanecendo no 15º e
16º, respectivamente.
As sondagens do CIFT, na Itália, colocam o "Natal"
no 21º lugar, em 1973 - no 23º, em 1977 e no 33º, em
1981. Em compensação, os demais temas e assuntos religiosos
atingiram o 6º lugar, em 1973 - o 9º, em 1977 e o 8º,
em 1981.
Desde
que as primeiras notas sobre Filatelia Religiosa passaram a ser publicadas
ou elaboradas, na década de 20, muito se caminhou, em quantidade
e qualidade, no estudo desse fecundo campo e na reunião proveitosa
dos que se dedicam a essa área.
O pioneirismo da motivação religiosa nesses 62 anos forçou,
de certa forma, o surgimento da Filatelia Temática, hoje, com
foros de moderna. Provocou, também, inúmeras iniciativas
congregacionistas nos diversos tempos e lugares.
O Brasil, há quase 30 anos, viu surgir à primeira organização
de Filatelia Religiosa, quando, aos 8 de setembro de 1953, em Petrópolis,
Frei João José Gepp, franciscano, fundou o "Círculo
Filatélico São Gabriel". Foi, aliás, nesse
mesmo ano, que os organismos gabrielistas dos diversos países
constituíram, em Salzburg, Áustria, a União Mundial
São Gabriel.
Em 1969, Ângelo Zioni reagrupou os gabrielistas em São
Paulo, surgindo a "Gabriel Sociedade Brasileira de Filatelia Religioso-Cristã",
com o seu boletim "Gabriel Brasileiro".
Em 1972, no 4º Congresso da União Mundial, realizado em
Roma, a Congresso, em 1980, foi realizado em São Paulo, presidência
foi confiada ao brasileiro General Euclydes Pontes. Já o 6º
Congresso, em 1980, foi realizado em São Paulo. Nessa oportunidade,
foi reeleito o General Pontes.
A necessidade de abrir a Sociedade para o colecionismo não cristão
fez com que, em 1976, se dissolvesse a entidade de 1969, surgindo a
ABRAFIRGA - Associação Brasileira de Filatelia
Religiosa São Gabriel.
Ainda não totalmente refeita do duro golpe sofrido com a perda,
em 1 980 de Ângelo Zioni, sua alma, a ABRAFIRGA continua
se propondo a coordenar, orientar e incentivar a Filatelia Religiosa
no Brasil.
Ao longo dos anos, a Filatelia vem sofrendo reveses e a Filatelia Religiosa,
por sua parte, também tem sofrido bastante, perdendo muitos de
seus dirigentes e aficionados, sendo que em 2002 faleceu o Gal. Euclydes
Pontes, um dos grandes gabrielistas do país.
Porém, o espírito e os ideais de Ângelo Zioni permanecem
a balisar o trabalho de seus seguidores, lutando, como eles, contra
as adversidades, as dificuldades cada vez maiores, porém sempre
acreditando na atuação cultural, educacional e social
da Filatelia.
O site www.abrafite.com.br/abrafirga é mais uma ação
da ABRAFIRGA no sentido de divulgar a Filatelia Religiosa em
nosso país, aproveitando este meio moderno e ágil de comunicação,
em substituição momentânea de seu tradicional boletim
Gabriel Brasileiro.
Agradecemos a ABRAFITE a cessão de espaço para
inserção do nosso site e esperamos a colaboração
de todos no sentido de atender cada vez melhor aos nossos associados.
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